27 ago Quais são as consequências ao rebaixar o carro?
A paixão e a insatisfação pelas configurações de fábrica são os principais motivos que levam os motoristas a personalizar seus carros. O assunto é polêmico e, de todas as alterações, o rebaixamento da suspensão é a modificação que requer maior atenção, pois envolve a segurança dos ocupantes.
O sistema de suspensão serve basicamente para absorver as irregularidades do solo, oferecendo estabilidade e preservando a estrutura do carro. Em geral, as montadoras adotam um ajuste que deixa o carro mais confortável, para não sacudir tanto os passageiros na buraqueira das ruas. Quando se mexe em amortecedores e molas, para rebaixar o veículo, o que se busca é abaixar o centro de gravidade dele, melhorando a aerodinâmica e a estabilidade. O carro fica mais esportivo, transferindo mais as irregularidades do piso para quem está nele, ou seja, fica mais duro e menos confortável.
Suspensão móvel ou fixa
Existem basicamente dois tipos de suspensões: fixas e móveis ou variáveis.
Apesar de serem muito admiradas pelos apaixonados por carros, as móveis ou variáveis não podem ser legalizadas, ou seja, usadas no veículo, se não vierem de fábrica.
O Inmetro não aprova a instalação de suspensão a ar comprimido e suspensão com rosca (conforme artigo 6 da resolução 292 de 29/08/2008 do Contran – leia aqui).
Um dos motivos é a segurança: a altura variável compromete a estabilidade, necessitando de conferências frequentes da geometria. Imagine um carro com um lado mais alto que o outro.
Atualmente, alguns carros esportivos já saem de fábrica com suspensões variáveis. A maioria permite que o motorista decida entre o conforto e a esportividade. Em alguns casos, o próprio carro ”faz” a escolha em função da velocidade e condições da pista, e alguns poucos modelos oferecem ajuste de altura, que são pré-determinadas.
Na suspensão fixa, presente na maioria dos carros, a alteração das molas e dos amortecedores deve ser vista com muito critério.
Alteração nas molas
Antes de fazer qualquer alteração nas molas é importante saber que os fabricantes utilizam softwares para o seu dimensionamento, pois o cálculo envolve um grande número de variáveis como quantidade de elos, diâmetro, comprimento, carga, grau de inclinação dos elos, tensão máxima de cisalhamento do material, entre outras.
Além destas variáveis, os engenheiros avaliam a geometria da suspensão para identificar as solicitações a que esta mola estará sujeita e, por último, são indicados os tratamentos térmicos que serão aplicados durante o processo construtivo.
Por isso, técnicos em suspensões não recomendam qualquer retrabalho (como é chamada a modificação) nas molas para diminuir seu tamanho, seja o corte de alguns elos, grampos ou mesmo aquecimento. Este último gera um alívio de tensões no material e encurta a distância entre os elos, diminuindo o comprimento total da mola.
Em um primeiro momento, estes retrabalhos parecem atender às expectativas dos clientes, mas, no médio prazo, problemas aparecem: amortecedores estourados, trincas na longarina, trincas no túnel e batentes dos amortecedores danificados serão os primeiros prejuízos.
Se quiser alterar as molas, mais adequados são os kits de molas esportivas, específicas para cada modelo de veículo. Além de dimensionadas pelo fabricante, elas garantem a diminuição da altura com algum conforto e, principalmente, oferecem uma sobrevida aos demais componentes da suspensão.
Alterações em amortecedores
Os amortecedores controlam as oscilações superiores e inferiores das molas. Se colocar um kit de molas esportivo você deve também substituir os amortecedores originais por um kit de amortecedores esportivos, especificados para cada modelo de carro. Eles são dimensionados para atender a carga e o curso das novas molas.
O mercado nacional ainda não dispõe de kits para todos os modelos. Alguns motoristas comprar kits importados, que custam mais caros. Uma dica é participar de comunidades na internet, pois a troca de informações auxiliará na aquisição dos kits e também na indicação de boas oficinas prestadoras de serviços.
Evite altas velocidades
Todos sabemos que os veículos originais de fábrica passam por diversos testes de durabilidade e desempenho. Equipamentos especialmente desenvolvidos para este fim identificam possíveis falhas de projeto e estabelecem os limites de fadiga de materiais e, mesmo assim, e com toda essa estrutura, os defeitos aparecem.
A situação fica mais delicada quando o projeto original é alterado, por isso é importante evitar altas velocidades. O estouro de um amortecedor ou quebra de uma mola pode colocá-lo em uma situação difícil se você estiver acima de 100 km/h.
Existe uma consciência muito grande entre quem curte fazer modificações. A maioria sabe que possui carros especiais e que este fato merece atenção redobrada em relação aos cuidados com manutenção preventiva. Assim, acabam sendo mais cuidadosos do que muitas pessoas que mantêm seus carros originais. Eles sabem que, a qualquer sinal de instabilidade ou ruído, deve-se encostar o carro e fazer um exame detalhado das peças envolvidas na personalização.
Mudou, tem que legalizar
Não basta ter vontade, cuidar do carro e conhecer a lei. Mudar o carro envolve uma burocracia. Veja ao lado o passo a passo.
Saiba que, mesmo estando com a documentação legalizada, a maioria das companhias de seguro não cobre os sinistros de carros rebaixados. Mais um motivo para "pegar leve".
Pensa em fazer outras modificações no carro? Vale a pena ler as resoluções de número 291 e 292 de 29/08/2008 que tratam especificamente das alterações.
Fonte: Auto Esporte