08 out Preços de 117 carros subiram após elevação do IPI
Logo que o governo anunciou o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros importados de fora do Mercosul ou do México, especialistas alertaram que os modelos que teriam os maiores reajustes seriam aqueles que não possuíam similares nacionais – e que, por esse motivo, teriam maior facilidade para repassar a conta ao consumidor. Passadas pouco mais de três semanas após o anúncio da medida, é exatamente isso que pode ser observado no mercado.
A consultoria Molicar, especializada em preços de veículos, analisou os valores cobrados nas concessionárias por 654 diferentes modelos afetados pela medida e constatou que 117 tiveram reajustes após o aumento do IPI. A alta nos preços dos automóveis foi, inclusive, captada pelo IBGE no cálculo do índice oficial de inflação (IPCA) referente a setembro.
Os maiores aumentos foram estipulados pela Mercedes-Benz e pela Porsche. As duas montadoras alemãs – que atuam no segmento de luxo e não sofrerão com a concorrência de empresas instaladas no país que não foram atingidas – praticaram reajustes próximos ao que foi estimado pelos especialistas se toda a alta do IPI fosse repassada ao consumidor (entre 25% e 28%).
Outras montadoras que elevaram os preços de diversos modelos, mas aplicaram porcentuais menores, foram Audi, Hyundai, Mitsubishi e Suzuki. Já Citroën, Hafei, Subaru, Toyota e Volvo fizeram pequenos ajustes nas tabelas dos veículos.
As montadoras que até agora não mexeram nos preços foram Aston Martin, Bentley, BMW, Cadillac, Chana, Chery, Chrysler, Dodge, Ferrari, JAC, Jaguar, Jeep, Kia, Lamborghini, Land Rover, Lexus, Lifan, Maserati, Mini, Smart, Spyker e Ssangyong.
É importante notar que as montadoras chinesas, justamente aquelas que foram usadas pelo governo para justificar o aumento do IPI, ainda não mexeram nos preços dos veículos – com exceção da Hafei, que fabrica a Towner. O governo, as montadoras instaladas no país e os sindicatos afirmaram que os preços baixos dos chineses colocavam em risco investimentos e empregos brasileiros.
É provável que os chineses ainda estejam trabalhando com estoques antigos ou se beneficiando de liminares judiciais para não repassar os custos ao consumidor até agora. Mas isso inevitavelmente terá de acontecer dentro de algumas semanas ou meses, ainda que o percentual de repasse seja mais tímido que 25% para que os carros não percam competitividade.
Fonte: Exame.com