30 ago Por que os jovens não querem mais comprar carros?
As montadoras de veículos estão preocupadas com as suas vendas e não é só no Brasil, onde a crise econômica afetou fortemente o setor. O problema é que os jovens estão adiando ou até mesmo desistindo dos planos de ter um carro para chamar de seu. Nos Estados Unidos, por exemplo, os consumidores entre 21 e 34 anos representam apenas 27% das vendas de veículos novos – em 1985, esse número ficava em torno de 35%.
O que, até pouco tempo, era considerado o marco de consumo da transição para a vida adulta, está deixando de ser tão importante para os mais jovens, especialmente para a Geração Y – justamente aquela que representa a maior população ativa no mercado de trabalho. Mas por que, afinal, isso está acontecendo?
Por que o carro não é mais o sonho dos jovens?
Existem muitos motivos para os jovens da Geração Y não terem mais o carro como sonho de consumo, assim como não investirem na compra de um imóvel ou outros bens mais duráveis, como móveis e eletrodomésticos. Alguns dizem que é apenas pela sua maior responsabilidade ambiental ou melhor gestão financeira, mas não é só isso. Os comportamentos dessa geração estão quebrando algumas barreiras no mercado de consumo e nas relações humanas, graças ao que definem como prioridades e às suas formas de olhar para o mundo.
Conheça alguns comportamentos da Geração Y que justificam a diminuição do papel do carro e outros bens materiais dentro da perspectiva do que é sucesso e realização pessoal:
Experiências valem mais do que bens
Ao contrário das gerações anteriores, para as quais o sucesso era definido pela carreira e pelo acúmulo de bens, a Geração Y tem outros objetivos: acumular experiências e fazer o que gosta. Ou seja, para eles, importa mais ir para um intercâmbio, programar um mochilão com os amigos, empreender ou encontrar o emprego dos sonhos do que assumir um financiamento imobiliário ou um consórcio para compra de um carro, principalmente se for logo no início da vida adulta.
Por serem imediatistas na busca da satisfação pessoal, esses jovens querem aproveitar as oportunidades que seus pais não puderam quando estavam na mesma fase da vida. A compra da casa e do carro, o casamento e os filhos (se vierem), podem ficar para mais tarde.
Mudança na relação com a propriedade
Por não terem a posse de bens de alto valor como modelo de sucesso, os jovens da Geração Y também estão mudando o comportamento em relação à propriedade. O “privado” passa a não ter tanta importância quando o objetivo é acumular experiências, dando espaço à colaboração e ao compartilhamento.
Eles não se importam mais em ter uma casa própria ou um carro tão cedo, afinal, nem sabem se estarão vivendo no mesmo lugar nos próximos anos. Por isso, aceitam dividir apartamento, morar em lugares com espaços compartilhados, ficar na casa de desconhecidos quando viajam e alugar o veículo de outra pessoa quando realmente precisam.
Abertura a novos serviços e tecnologias
A geração que cresceu com a internet também tem mais facilidade de adaptação a novos serviços e tecnologias. São eles, inclusive, o público principal de empresas como Uber, Airbnb ou Pegcar, cujos serviços, há poucos anos, certamente causariam estranhamento. Por mais que possam ter receio em aderir a um novo serviço ou ferramenta, eles não deixam de testá-los e, se a experiência for boa, se tornam verdadeiros embaixadores desses novos modelos.
Preocupação desnecessária
Todo bem traz consigo responsabilidades. O carro, por exemplo, envolve revisão, manutenção, pagamento de seguro, abastecimento, entre outros… Para uma geração que está atrás de experiências sempre diferentes, que muda de emprego com facilidade e que não quer se sentir presa quando precisar decidir por um novo passo na carreira, qualquer responsabilidade extra pode se tornar um impedimento para seu estilo de vida.
Por que, então, precisar de um carro seu, com todas as responsabilidades envolvidas, se pode contar com Uber, Pegcar ou transporte público quando precisar se locomover?
Cidades mais caminháveis
A geração que prefere fazer um intercâmbio no exterior a ganhar um carro, teve a experiência de conviver com cidades muito diferentes das que seus pais construíram, na qual o carro era fundamental para locomoção. Eles viram pessoas caminhando para chegar ao trabalho, pegando a bicicleta para ir ao cinema ou usando o metrô para voltar da balada.
Conhecer cidades, no Brasil ou em outros lugares do mundo, em que o carro não é o protagonista das ruas, incentiva a nova geração a transformar seu comportamento. Nada de usar o carro para ir na outra esquina ou aceitar empregos muito distantes de onde moram, quando o automóvel perde o protagonismo, mudam também os hábitos e as formas de viver a cidade onde moram.
Dá para levar uma vida sem carro?
Viver sem carro, coisa que parecia de outro mundo para muitas pessoas das gerações anteriores, é possível e cada vez mais viável. Quando os engarrafamentos se tornaram rotina das cidades, as políticas públicas de transporte e mobilidade se tornaram urgentes e, lentamente, temos visto evoluções importantes nessas áreas. Transporte público de melhor qualidade, ciclovias, faixas exclusivas para ônibus e maior cobertura dos serviços têm motivado muita gente a trocar o meio de transporte individual pelo coletivo.
Outras alternativas também facilitam esse desapego à ideia do veículo próprio: aluguel de carros compartilhados, serviços alternativos aos táxis e ferramentas para combinar caronas. Não faltam soluções mais baratas e, até mesmo, mais práticas para chegar até onde se deseja. Será que você precisa mesmo de um carro?
Fonte: pegcar.com