Pesquisa do IBOPE diz que 59% dos jovens dirigem teclando celular

Pesquisa feita com 350 jovens de 18 a 24 anos em cinco capitais brasileiras mostra que 59% deles escrevem mensagens no celular enquanto estão na direção de um veículo. Com a popularidade dos smartphones são torpedos, posts no Facebook, conversas em chats, enfim, atitudes, que tiram a atenção do trânsito e que podem ter consequências fatais.

O levantamento, realizado pelo IBOPE e divulgado pelo jornal Estado de S. Paulo, foi feito em novembro de 2011 em São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife. Os entrevistados foram questionados se acham o hábito arriscado, 80% responderam que sim e um em cada três reconheceu que não faz nada para mudar.

Especialistas se mostraram preocupados com o resultado da pesquisa, encomendada pela seguradora Porto Seguro. “É como se o indivíduo dirigisse de olhos fechados e, quando precisa reagir (frear ou desviar), não dá tempo”, diz o perito em acidentes Sérgio Ejzemberg. Para ele, apesar de o País não ter dados sobre colisões causadas pelo manuseio do celular, “certamente elas estão ocorrendo e as pessoas, morrendo”.

Segundo o Diretor de Comunicação e Chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (ABRAMET), Dr. Dirceu Rodrigues Alves Junior, dirigir nestas condições é tão perigoso quanto dirigir embriagado. “Existe um rebaixamento dos sentidos que precisam estar intactos na hora de dirigir: concentração, raciocínio, audição, visão e o tato, tudo isso está comprometido em quem tecla no celular ao volante e em quem dirige embriagado.”

Ainda segundo o médico, o motorista tem toda a sua atenção, voltada ao que está digitando e não para o trânsito. O que representa um tempo maior de perda total da visão anterior, lateral e posterior do veículo. “Se o motorista estiver a 100 km/h ele terá percorrido 100 a 120 m enquanto está digitando, ou seja, de 4 a 5 segundos, às cegas, sem visão nenhuma do que se passa em torno do veículo”, alerta Dr. Dirceu.

Segundo o órgão americano de segurança no trânsito, o NHTSA, ao teclar um simples “ok”, o motorista aumenta em 23,6% a chance de sofrer um acidente.

As atitudes preventivas ainda não fazem parte do cotidiano do brasileiro. “Nós não sabemos se é um vício, ou uma compulsão pelo celular, mas o que estamos percebendo é a utilização do celular desnecessariamente na direção veicular”, diz Dr. Dirceu. Para o médico, as pessoas não deixam de usar porque falta fiscalização. “Hoje, no Brasil, não há uma punição severa para o condutor que é flagrado usando o celular”, conclui.

As seguradoras têm alertado para a questão. “Sábado, iniciamos uma ação educativa na TV paga. Neste mês, faremos na aberta, em rádios e redes sociais. A peça mostra um condutor com os olhos tapados por cinco segundos (tempo médio de pegar o celular e teclar)”, diz a gerente de Marketing da Porto Seguro, Tanyze Maconato.

Em abril, a BB Mapfre já tinha lançado campanha em TV aberta e paga, mídia impressa, redes sociais e cinemas. No filme, um smartphone se aproxima do rosto de uma mulher – até se chocar e se estilhaçar contra ele.

Fonte: Portal do Trânsito