Números revelam que há menos condutores embriagados.

Números da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Comando Rodoviária da Brigada Militar sugerem que o comportamento do motorista gaúcho mudou para melhor desde a entrada em vigor das novas regras da Lei Seca.

Adotada há um mês, a nova legislação dobrou o valor da multa por embriaguez e concedeu poder maior aos agentes de trânsito, que deixaram de depender do bafômetro para comprovar que um condutor está alcoolizado.

Desde então, as estatísticas das polícias rodoviárias trazem indícios de que menos gente passou a dirigir sob efeito do álcool. Dos condutores testados nas rodovias federais entre 21 de dezembro e a última quinta-feira, 3,7% apresentavam níveis de álcool proibidos. Um ano antes, no mesmo período de tempo, o percentual foi duas vezes maior. Em rodovias estaduais, os testes positivos para embriaguez caíram de 50,8% para 34,8%.

A mudança de comportamento dos condutores vem sendo notada no dia a dia das blitze, desde o endurecimento da lei.

— As pessoas se conscientizaram pela questão da proteção à vida e pelo bolso. A multa é pesada, e se o motorista vai preso ainda tem de pagar fiança, que não baixa de R$ 1 mil — diz o major André Ilha Feliú, comandante do 3º Batalhão Rodoviária da BM.

As multas salgadas, no entanto, são apenas parte da explicação. O motorista descobriu que agora há menos espaço para a impunidade. No passado, quem se negava a soprar no bafômetro podia escapar de punições. Agora, se fizer isso, outras provas poderão ser usadas contra ele — como a avaliação do agente de trânsito, o testemunho de um terceiro ou imagens em vídeo.

O resultado disso pode ser conferido nos dados levantados pela PRF e pelo CRBM. Apesar de menos pessoas serem apanhadas sob efeito de álcool, uma proporção bem maior delas está indo presa — porque os suspeitos que antes se negavam agora sopram no bafômetro, com a esperança de serem inocentados pelo aparelho, ou porque os patrulheiros podem mandar alguém para a Delegacia de Polícia mesmo em caso de recusa ao teste.

— Entre os presos, não há mais apenas pessoas que fizeram o bafômetro, mas também gente que se recusou e foi presa graças aos poderes maiores dados ao agente — afirma Alessandro Castro, chefe de comunicação da PRF no Estado.

A aplicação de outros meios que não o bafômetro para comprovar a embriaguez, no entanto, ainda é reservada a poucos casos, geralmente envolvendo motoristas mais encrenqueiros, como constatou ZH ao acompanhar blitze da Operação Balada Segura em duas noites da semana passada. O uso de fotos e vídeos, por exemplo, está sob avaliação nas ações realizadas em vias municipais. Por causa do comportamento mais respeitoso e consciente da maioria dos condutores, não há urgência de apelar para todos os recursos da lei.

— Mas ainda não pegamos ninguém que saiu do carro cambaleando — ressalva Marcelo Cunha da Silva, da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) da Capital.

Fonte: Zero Hora.com.br