Mortalidade de jovens é quatro vezes maior nos países pobres, diz estudo

 Enquanto mortalidade infantil cai, a de jovens vem crescendo no mundo. Acidentes de trânsito e doenças infecciosas aumentam o risco

 
Ao menos 1,8 bilhão de adolescentes estão mais expostos ao consumo excessivo de álcool, de transmissão de doenças sexualmente transmissíveis e outros riscos à saúde do que no passado, afirma um estudo divulgado nesta terça-feira (24) na revista médica “The Lancet”. Esses comportamentos até então mais usuais em jovens de países ricos vem sendo absorvido cada vez em países em desenvolvimento, como o Brasil, dizem os autores da pesquisa.
 
Segundo o levantamento, o que vem incapacitando esses jovens é o uso do álcool (7%), o sexo sem preservativo (4%), deficiência de ferro (3%), falta de contracepção (2%) e uso de drogas ilícitas (2%). As taxas de mortalidade nos adolescentes variam muito entre os países, mas é geralmente quatro vezes maior nos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento do que nos mais desenvolvidos.
 
O estudo é o primeiro de quatro apresentados na revista nesta segunda e cita que enquanto a mortalidade de crianças com menos de cinco anos caiu 80% ou mais em muitos países nos últimos 50 anos, a mortalidade de adolescentes tem crescido. A pesquisa destaca o Brasil neste ponto, onde mais adolescentes morrem por causa da violência.
 
As causas principais dessas mortes no mundo são os acidentes de trânsito ou suicídio, seguidas de doenças transmissíveis (tuberculose, meningite, HIV/Aids), problemas nutricionais e doenças perinatais, além das doenças não transmissíveis.
 
No entanto, os autores da pesquisa dizem que “independente da região, a maioria das mortes de adolescentes são evitáveis e, portanto, justificam fortemente uma ação mundial para melhorar a saúde do adolescente”.
 
Educação e ambiente influenciam
Segundo a pesquisa, a educação, o bom ambiente escolar e a vizinhança onde vive o jovem podem fazer a diferença nesses índices. Para comprovar, o estudo mostra a diferença entre os países ricos e pobres. Nos em desenvolvimento, até um terço de adolescentes menores de idade do ensino secundário não frequentam a escola, em comparação com apenas um em 25 nos EUA, Canadá e Europa Ocidental.
 
Segundo eles, estudos mostram que a conclusão do ensino secundário proporciona grandes benefícios para os adolescentes e melhora a saúde e o bem-estar.
 
“Países com maior número de adolescentes na escola tem menores taxas de mortalidade masculina e feminina em geral, menor mortalidade por lesões do sexo masculino, e menor mortalidade por doenças não transmissíveis do sexo feminino, bem como menor prevalência do HIV e de gravidez na adolescência”, diz a pesquisa.
 
Estudos realizados em países como o Reino Unido, Líbano e mesmo no Brasil mostraram que as comunidades que ofereceram maior apoio e oportunidades de participação aos jovens tiveram os melhores resultados quanto a saúde dos adolescentes.
 
Da mesma forma, o convívio familiar mostrou ser fator-chave na vida desses adolescentes, segundo a pesquisa. Estudos feitos nos EUA mostram que os adolescentes que se sentem ligados à sua família estão mais propensos a adiar a iniciação sexual, relatam níveis mais baixos do uso do cigarro, álcool e maconha e mostraram-se menos propensos a se envolver em violência.
 
Por outro lado, os jovens cujos pais fumam, bebem álcool, ou se envolver em violência são mais propensos a ter tais comportamentos.
 
Fonte: Cenário MT