Dicas para deixar o carro no estacionamento

Saiba o que fazer para que seu carro seja devolvido do estacionamento exatamente como ele foi entregue

Não há quem não conheça uma história de alguém que levou prejuízo ao deixar o carro no estacionamento ou nas mãos de um serviço de valet: um risco na pintura, um
estepe que sumiu, uma multa que apareceu mais tarde… Para ajudar a evitar que um dia você seja protagonista (e vítima) dessas histórias, elaboramos um guia de nove dicas para que seu carro vá e volte de um estacionamento exatamente como foi entregue.

1 Olho vivo no estepe
Um dos prejuízos mais comuns de quem para no estacionamento é o sumiço do estepe. E geralmente nem há como reclamar, pois o motorista só vai descobrir isso em casa ou, muito pior, quando um pneu furar. O único jeito de se prevenir é mostrar ao manobrista que o estepe está ali quando chegar e conferir se ele continua lá quando o carro voltar a suas mãos. Para tentar evitar os roubos, há quem acorrente o estepe ou troque o segredo do porta-malas.

2 Espaço de manobra
Veja se há vagas suficientes, pois, quando o estacionamento está lotado ou se for muito movimentado, as chances de ocorrer uma encostadinha ou de alguém abrir a porta em cima do seu carro são bem maiores. “O respeito à quantidade adequada de carros em cada local ajuda a manter a integridade dos veículos”, diz Paulo Góes, diretor de fiscalização do Procon-SP. Se for recorrer a um serviço de valet, certifique-se de que o carro ficará em lugar fechado. Isso é exigido na maior parte das leis de regulamentação do serviço, mas ainda há valets que deixam o veículo na rua.

3 O lugar é legal?
Tenha certeza de que o estacionamento é legalmente constituído, porque, se alguém bater ou roubar algo de seu veículo enquanto você o deixa em um estacionamento, ficará bem mais fácil cobrar o prejuízo de uma empresa que de uma pessoa física. “Observe se no guichê do estacionamento estão os documentos necessários ao funcionamento, como alvará e CNPJ, e se os manobristas são registrados”, diz Góes.

4 Seguro morreu de velho
Pare o carro só em estacionamentos com seguro. Algumas cidades exigem que esse tipo de estabelecimento tenha seguro, outras não. E isso é bom não apenas para se garantir contra roubo e furtos. Foi o caso do paulista Wagner Garcia, que em 1999 viu seu Honda Civic zero “voar”. “Meu carro tinha apenas três meses de uso e era automático. O manobrista, ao engatar a marcha, confundiu R (ré) com D (drive). O carro caiu de ré no piso de baixo. Foram necessários três guinchos e seis horas para retirá-lo dali. Mas foi tudo pago pela seguradora do estacionamento.”

5 A nota que economiza uma nota
Pode parecer uma bobagem, mas nunca se esqueça de pedir uma nota fiscal com dia e horário em que o carro ficou no estacionamento. Por quê? Pois o melhor jeito de comprovar que não era você que estava dirigindo o carro enquanto jantava ou assistia à peça de teatro é o comprovante de que, no horário da infração de trânsito, seu carro deveria estar no estacionamento. E guarde a nota por pelo menos 30 dias, que é o prazo que a lei estipula para a notificação ser enviada ao dono do veículo, em caso de multa.

6 Atenção com o relógio
Já pensou? Parar o carro no estacionamento para ir ao show ou restaurante e, na volta, encontrar o lugar fechado? Portanto verifique os horários de funcionamento antes de deixar o veículo, para não ter que voltar para casa de táxi e ainda pagar o pernoite.

7 Vistoria completa
Faça sempre uma inspeção no carro pouco antes de sair do estacionamento, pois encontrar amassados e raspados é uma das reclamações mais comuns de quem usa esses estabelecimentos. O empresário Ricardo Almeida que o diga. “Já tive meu carro batido no estacionamento. Mas o responsável logo assumiu a culpa. No mesmo dia me ligaram e fui instruído a procurar dois orçamentos, podendo até ser de concessionária. Eles autorizaram tudo rapidamente. No fim, fiquei com uma ótima impressão deles.” No entanto, a transparência e a honestidade verificadas no caso de Ricardo não são a regra. Marcio Castelan hoje é professor de geografia, mas foi manobrista de valet quando tirou sua habilitação. “Eu não tinha experiência. Aprendi manobrando, mesmo.” É exatamente por isso que ele não deixa seu automóvel na mão de ninguém. “Se o cara não for muito minucioso, ele não vê que o carro foi ralado ou amassado. Normalmente está de noite e o lugar não é bem iluminado. Uma vez, eu destruí um retrovisor. Quando entreguei o carro, fiquei na frente e o dono não viu. Eu não tinha dinheiro para pagar, ganhava o equivalente a 20 reais por noite. E, se ele quisesse me processar, não conseguiria. Teoricamente, eu não trabalhava como valet, pois não tinha vínculo formal com a empresa.” A recomendação dele é simples: “Se for inspecionar o carro, faça isso com cuidado e em um lugar bem iluminado”.

8 Tentação à vista
Não deixe objetos pessoais ou de valor no carro, especialmente em locais visíveis, como no banco, ou de fácil acesso, como o porta-luvas. A gerente de projetos Priscila Malfitani largou o celular no carro num estacionamento conhecido, onde parava todos os dias. Quando voltou para buscá-lo, não o encontrou mais. “Pior é que eu não tinha como provar que havia deixado o celular ali. Fiquei no prejuízo.” Frentes de rádio removíveis, óculos, carteiras e iPods são as vítimas mais frequentes desse tipo de furto.

9 Peça o boletim
Se houver algum problema de roubo de objetos ou batida, fale com o responsável e faça um boletim de ocorrência (B.O.). Isso ajuda na eventual necessidade de processar o estabelecimento para ter seu carro consertado. “Qualquer prova que não seja ilegal é válida para comprovar os danos. O B.O. ajuda bastante nisso”, afirma Marcos Guedes, assessor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). “Quando for fazer o B.O., também é recomendável arrolar testemunhas”, diz Góes.

Por Gustavo Henrique Ruffo