MTE suspende adicional de periculosidade para motoboys.

 O Ministério do Trabalho e Empregou (MTE) publicou no Diário Oficial de quarta-feira portaria que suspende o adicional de periculosidade de 30% sobre o salários aos motociclistas em atividades ou operações perigosas. A decisão atende à determinação judicial do Tribunal Regional Federal da 1ª Região do Distrito Federal (TRF-DF). O governo pode recorrer da decisão.

A autora da ação é a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir). No pedido de tutela antecipada, a empresa relatou à Justiça que a classe empregadora não participou efetivamente do processo de regulamentação da Portaria nº 1.565, que culminou na aprovação da Norma Regulamentadora (NR) nº 16, no dia 13 de outubro, que garantiu o adicional de periculosidade aos motociclistas.

 

Para a Abir, houve irregularidades nas reuniões do Grupo Técnico Tripartite (GTT), do qual fez parte o governo, trabalhadores e empregadores, para discutir as normas regulamentares relacionadas à saúde, segurança e condições gerais de trabalho.

 

Entre os problemas relatados pela Abir estão a convocação informal dos empregadores e a realização da primeira reunião no dia 25 de setembro, apesar de a classe ter solicitado, formalmente, o adiamento do encontro para que pudessem finalizar os estudos técnicos e jurídicos que seriam levados à discussões.

 

A juíza federal da 20ª Vara do TRF, Adverci Rates Mendes de Abreu, entendeu que, embora o MTE tenha definido as etapas do processo de regulamentação, por meio de um sistema tripartite, houve supressão de etapas. A magistrada concordou que houve ausência de participação efetiva da classe empregadora e precipitação da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) em colocar pauta a aprovação de quais atividades seriam consideradas perigosas no trabalho do motociclista, sem antes terminar os prazos para conclusão das negociações e apresentação de propostas de regulamentação.

 

Na decisão, a juíza concedeu ao GTT o prazo de 120 dias, prorrogáveis por mais 60, para concluir negociações e apresentar nova proposta de regulamentação.

 

Reivaldo Alves, presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do Distrito Federal, disse que diversos sindicatos do país já se comunicaram hoje e estão programando uma paralisação geral em janeiro, após as festas de fim de ano, em defesa da retomada da Portaria. Segundo Alves, o setor levou dez anos para conseguir o benefício, já concedido a categorias como vigilantes e frentistas.

 

Ele critica o recuo do governo federal depois de a presidente Dilma Rousseff ter sancionado em junho a lei aprovada no Congresso prevendo o adicional de periculosidade. Na ocasião, a presidente chegou a vestir um capacete de motociclista e disse que a medida era justa e necessária, além de ser um direito dos trabalhadores.

 

Com informações da Agência O Globo