Ministra do Meio Ambiente defende redução de IPI de automóveis

RIO – Durante evento sobre o consumo consciente com vistas à Rio+20, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, defendeu, nesta quinta-feira, o pacote de incentivo à economia divulgado pelo governo federal que, entre outras medidas, reduz o Imposto sobre Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) de automóveis.

— Tem um outro lado (da redução do IPI): está reduzindo as emissões (de gás carbônico) a troca de veículos com consumo mais eficiente em torno de combustível e de eficiência energética. Inclusive, um estudo do Ibama sobre a frota brasileira e eficiência da frota mostra que a troca de carros significa isso — afirmou Izabella.

A ministra ainda acrescentou outras medidas do governo para o setor:

— Precisamos fazer mais, não é só a troca de carros. Aí está o desafio de investir em transporte de massa e de transporte coletivo, que está sendo feito. É importante avançarmos nas opções de transporte, desde a bicicleta com ciclovias, que o governo federal também está financiando, até a geração de novos empregos sustentáveis no Brasil.

Além de Izabella, também presente no lançamento da Plataforma 20 (pesquisa que tratra do consumo consciente com foco na mulher), a secretária da Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do ministério, Samyra Crespo, disse que a sociedade dita as medidas do governo.

— As pessoas tem uma ilusão de que o governo vai estar na vanguarda ou está na frente. Quem está na vanguarda é a sociedade civil. O governo faz aquilo que está consensuado na sociedade. Estamos numa sociedade que quer automóvel — afirmou.

Ambientalistas criticam pacote de incentivos

Às vésperas da Rio+20, o pacote de incentivos à economia, que reduz o IPI de automóveis, foi visto com desconfiança por especialistas de meio ambiente. De acordo com a presidente-executiva do Conselho Empresarial Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, o governo perdeu uma oportunidade.

— Estes momentos (da Rio+20) que pode redirecionar a economia, você deve aproveitar a oportunidade, ainda mais que o Brasil é anfitrião — afirmou Marina. — Se por um lado, o governo tomou medidas corretas, como o de incluir nas licitações elementos de sustentabilidade, por outro lado, ele perde uma oportunidade em relação aos veículos, a indústria automotiva, de mais fortemente colocar elementos da sustentabilidade aí.

Hoje, há um carro para cada três pessoas na cidade do Rio de Janeiro. Em março de 2012, a frota da capital fluminense atingiu os 2,22 milhões de automóveis segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Enquanto isso, a cidade abriga 6.320.446 pessoas de acordo com o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado se torna ainda mais alarmante se compararmos o crescimento da frota na década, que foi de quase 50%, enquanto que o aumento da população foi de 7%. Em março de 2003, havia 1,48 milhões de automóveis. E segundo o Censo 2000, o Rio tinha 5,8 milhões de moradores.

O economista Sérgio Besserman, representante do grupo de trabalho da prefeitura para a Rio+20, disse que a medida não terá impacto sobre a Rio+20, mas lamentou a decisão do governo.

— O pacote não tem nenhum elemento de incentivo à transição para a economia verde, e sim, seria muito importante, não só esse, mas que todas as medidas de incentivo o tivessem. Não apenas por conta da questão da sustentabilidade, mas também por conta de incentivar a competitividade. As tecnologias mudarão nesta direção e incentivos que acelerem essa transição são necessários, são indispensáveis. Foi uma pena — disse.

Além de transtornos viários, o aumento de veículos causa problemas ambientais. O inventário das emissões dos gases de efeito estufa do Rio, realizado ano passado pela Coppe-UFRJ com base em dados de 2005, mostra o transporte rodoviário é responsável por 37% do total das emissões, o maior responsável pela poluição da cidade.

— Em um momento de crise, não podemos ficar contra (os incentivos do governo) nem devemos. O que reclamamos é não aliar isso à exigência mínima de padrões de desempenho que possam alcançar padrões tecnológicos de eficiência energética, como nos Estados Unidos e na Europa — defendeu o diretor do Greenpeace, Sérgio Leitão.

Leitão ressalta que as contrapartidas de eficiência energética às empresas automobilísticas chegaram a ser cogitadas quando se discutia o pacote de incentivos econômicos, mas foram descartadas. Ele ainda critica o elevado valor do álcool e a ausência de políticas para incentivar o consumo maior de combustíveis menos poluentes.

— A frota cresceu muito, e foi-se diminuindo consumo de álcool. Nas cidades, se consome mais gasolina, e as emissões vem crescendo enormemente. E isso gera o problema grave de emissões (de gás carbônico) e de e poluentes pesados — afirmou.

Sobre o valor do álcool comparado ao da gasolina, a ministra Izabella Teixeira não quis fazer nenhum comentário.

FONTE: Extra