Aplicação de lei sobre uso de proteção diminuiria gravidade de acidentes com motos

O Código de Trânsito Brasileiro exige que todo motociclista use roupas que ofereçam proteção no caso de quedas, mas a regra que só define o que é uma roupa adequada para pilotar uma moto nunca foi regulamentada.

O Código Brasileiro de Trânsito faz exigências que poderiam diminuir muito a gravidade dos acidentes com motos. Apesar das regras terem sido criadas há 15 anos, até hoje não são cumpridas.

Bastou um descuido. O vendedor Osvanir Bicudo estava a menos de um quilômetro de casa, quando bateu a moto e estava sem capacete. “Você pensa: ‘nunca vai acontecer comigo’. O erro do ser humano é esse”, afirma.

Um traumatismo craniano prejudicou os movimentos que ele ainda tenta recuperar três anos e meio depois do acidente. Segundo a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), 69% dos motociclistas sofrem pelo menos um acidente a cada seis meses. E a gravidade dos ferimentos depende da proteção que eles usam: capacete, viseira, luvas e roupas adequadas. “As lesões vão ser muito mais graves em um indivíduo desprotegido. Esses equipamentos de proteção individual reduzem as lesões produzidas pelo acidente”, afirma o diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues Alves Júnior.

O Código de Trânsito Brasileiro exige que todo motociclista use roupas que ofereçam proteção no caso de uma queda, mas basta olhar nas ruas de qualquer cidade brasileira para perceber que pouca gente se preocupa com isso. E ninguém pode ser multado, já que a regra que define qual é a roupa adequada para pilotar uma moto nunca foi regulamentada.

“A responsabilidade de fazer isso valer é do Denatran e do Contran, do Conselho Nacional de Trânsito. É possível aos órgãos de trânsito exercer a fiscalização e a punição de aqueles que não estiverem adequadamente vestidos”, aponta o engenheiro de tráfego Humberto Pullin.

A única exigência em vigor é o uso do capacete, mas proteger a pele em uma queda também é importante. “Se ele tem uma lesão de pele muito grande, em decorrência desse ralado que sofreu, isso pode dificultar sua reabilitação, por tornar o ato cirúrgico mais difícil e a gente não conseguir aquele resultado adequado que a gente poderia ter obtido se tivesse feito a cirurgia mais rapidamente”, explica o diretor clínico do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo, Jorge dos Santos Silva.

A operadora de caixa Fabiana Nunes quebrou o tornozelo e teve várias escoriações. Se voltar a circular de moto, não será mais usando sandália e camiseta. “Vou colocar uma jaqueta, para me proteger. Vou colocar uma bota também”, afirma.

O Conselho Nacional de Trânsito informou que a regulamentação dos itens de segurança de motociclistas profissionais, caso dos motoboys, já está em vigor e que estes motociclistas já poderão ser multados a partir de agosto.

Fonte: Agência de Notícias – Jornal Floripa