Blindagem cresce 8,39% no País

Associação Brasileira de Blindagem divulgou dados do mercado do primeiro semestre do ano. O estudo aponta crescimento de 8,39% no número de blindagens no País, em comparação com o mesmo período do ano passado.
 
O número é reflexo da insegurança vivida principalmente pelos paulistas. Só no Estado, nos seis primeiros meses de 2010, 3.432 veículos foram blindados. Neste ano, somaram 3.720. A entidade ainda estima que no Brasil há aproximadamente 100 mil veículos com a proteção.
 
O crescimento da violêncio e o medo são os fatores principais apontados pelo presidente da Associação Brasileira de Blindagem, Christian Conde. “A sensação é de insegurança. Além de São Paulo, agora outras capitais, como Recife, também estão sofrendo com a criminalidade.”
 
De acordo com as estatísticas da associação, São Paulo é o Estado que agrega 80% dos veículos blindados, seguido do Rio de Janeiro, com 10%, Pernambuco e Paraná, com 2% cada. Os outros 6% desse universo estão distribuídos entre Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
 
Para Levy da Silveira, diretor de vendas do Grupo Inbra, empresa especializada em sistemas de blindagens, a expansão do mercado é consequência da descentralização da violência. “A criminalidade agora é um problema comum a várias regiões do Brasil, ou seja, ela está além dos grandes centros”, argumenta.
 
O diretor da Concept Blindagem, Fábio de Mello, também considera os fatores econômicos e o crescimento do País como causas da expansão do setor. “O preço da instalação se mantém estável há quase dez anos. Também é preciso levar em conta o aumento do poder aquisitivo, o que permite acesso maior”, explica.
 
PERFIL
A pesquisa também revelou o perfil do usuário de blindagem. O sexo masculino compõe 65% . Desse universo, 22% estão na faixa etária de 50 a 59 anos. Já as mulheres representam 35%, sendo a maior parte na faixa de 40 a 49 anos.
 
Os empresários, artistas, juízes e políticos são os que mais se preocupam com a segurança. Já os carros mais blindados são os importados, sendo que o Tiguan, da Volkswagen, lidera o ranking, tirando o Corolla, da Toyota, do primeiro lugar, onde estava desde 2004.
 
Para quem deseja a proteção
A blindagem demora, em média, de 30 a 45 dias para ser instalada. Os valores variam de acordo com o nível da proteção, partindo de R$ 20 mil até aproximadamente R$ 50 mil.
 
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Blindagem, Christian Conde, “no Brasil se utiliza mais o nível III A, o pacote completo”. De acordo com o Exército, os níveis de blindagem permitidos são I, II A, II e III A.
 
O nível I é o sistema mais simples, resiste a balas de revólver 22 e 38. O II A e o II seguram munição de pistola 9 mm e revólver 357 Magnum.
 
O nível de blindagem autorizado pelo Exército que oferece maior proteção é o III A, que resiste a tiros de submetralhadora 9 mm e de revólver 44 Magnum.
 
Os níveis de uso restrito são III e IV. Esse tipo de proteção aguenta disparos de fuzil AR 15 e metralhadora M60.
 
É necessário considerar também que toda blindagem acrescenta peso ao veículo. No caso do Corolla, por exemplo, chega a 180 quilos extras. Para o Tiguan, o peso aumenta em 205 quilos.
 
Cuidado com a qualidade do produto
 
Com a expansão do mercado, a Associação Brasileira de Blindagem e os especialistas alertam para a qualidade dos produtos e serviços oferecidos no mercado.
 
Não se engane pelo preço. Instalar a blindagem no veículo é um investimento que custa caro. Levy da Silveira esclarece que os valores dos componentes são altos, o que torna difícil baratear o serviço. “Assim como outros produtos, não há como fazer milagre.”
 
Fábio de Mello, diretor da Concept Blindagem, orienta o cliente que busca pelo serviço. Antes de pagar pelo pacote, confira se a empresa possui departamento de engenharia que ateste os itens. “Aplicar a proteção não é algo artesanal, necessita de conhecimento técnico. Por isso, visite a empresa, veja o histórico dela junto à Abrablin”. O presidente da entidade, Christian Conde, concorda: “Se for possível, procure indicações de empresas parceiras de montadoras.”
 
Se a blindagem não for feita de forma correta pode acarretar risco de segurança para o cliente e consequências para o veículo, como ruídos e até o trincamento do para-brisa. Na parte interna, a falha na colocação das peças pode ferir o condutor ou os passageiros se soltarem-se.
 
Para saber se a empresa escolhida para realizar a blindagem possui licença do Exército, o consumidor pode entrar em contato com a Seção de Fiscalização de Produtos Controlados da 2ª Região Militar, que atende ao Estado, pelos telefones 3888-5467 e 3888-5465.
 
Autorização é necessária
Para a blindadora funcionar é necessário atender aos requisitos do Exército Brasileiro, que abrangem desde os componentes utilizados até a instalação.
 
Ao solicitar a instalação da proteção, a empresa encaminha ao Exército pedido de autorização específico para cada veículo, que pode ser concedida ou não.
 
Depois dessa liberação, a Região Militar emite o documento e o encaminha ao Departamento Estadual de Trânsito, informando os dados do veículo blindado e do proprietário.
 
É importante saber que o dono do veículo só retira o automóvel após a mudança constar no Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo.
 
As fabricantes de componentes para blindagem podem também aplicar a proteção nos veículos desde que obtenham registro para essa função. Além disso, deverão emitir, para cada veículo blindado, termo de responsabilidade.
 
FISCALIZAÇÃO
O Exército explicou que a fiscalização é feita nas empresas blindadoras. Lá, é conferida a documentação e é feita análise do material utilizado. As empresas que estiverem irregulares e forem flagradas na inspeção serão impedidas de realizar o serviço e pagarão multa.
 
Fonte: Diário do Grande ABC