Muitas vezes, a inspiração é ainda maior e resolvo dar uma encerada com uma boa cera Grand Prix ou 3M em latinha, que são as mais trabalhosas mas promovem um resultado mais duradouro. Após algumas lavadas é bom encerar.

Lembra-se do início do texto, com as crianças por perto e tal? Pois é…na hora de encerar, sumiu todo mundo. E outros adultos quando se aproximam, com uma latinha de cerveja na mão, apenas vêm com a manjada brincadeirinha “Pode lavar o meu! E encerar também que eu não vou achar ruim!” Agora, ajudar que é bom…

Pois é, por muito tempo, desde criança, considerei de certa maneira um hobby lavar o carro do meu pai ou da minha mãe. Só pelo orgulho de andar no carro limpo. Com o tempo, cresci, comprei o meu e mantive o hobby. Porém com segundas e terceiras intenções, hehe. Sim! Para impressionar as garotas na balada ou levar a namorada para passear.

Convites tendem a ser aceitos mais facilmente quando se tem um carro vermelho reluzente, que embora modesto e nacional, brilha como uma Ferrari depois de todo um sábado ou domingo de trabalho árduo! E limpinho por dentro também, claro! E o “perfuminho” no fim, dando o toque de mestre!

Com o tempo, porém, vêm as rotinas mais duras de trabalho, inclusive em alguns fins de semana e, após dias de chuva, sol e poeira, a saída é uma duchinha de posto ou uma lavagem no estacionamento mesmo, enquanto resolvo problemas de trabalho ou vou ao dentista.

A falta de tempo faz com que o nível de exigência diminua e a praticidade fale mais alto. E, numa atitude de conformismo, vejo o resultado e tento achar que está lindo, afinal, lá se vão pelo menos 20 pratas, um beija-flor voando!

Num belo dia de 2005, um bom amigo, ex-colega de trabalho, encontra-me na rua e me dá um panfleto. A primeira palavra que leio é o prefixo “Dry” (Seco, em inglês). Continuo lendo e vejo que se trata de um lava-rápido que usa um sistema de lavagem a seco para automóveis. Havia lido, lá pelos idos de 1992, no Jornal do Carro, sobre a invenção de um engenheiro químico brasileiro: um produto para lavagem a seco.

Um bom tempo depois, vi em São Paulo, no estacionamento de um grande Shopping Center, um espaço para lavagens de carro a seco. Achei interessante, vi o preço e achei caro. Mais de duas vezes o preço de uma lavagem convencional à época. Lembrei do episódio e perguntei logo o preço. João me diz: “- R$ 50 e já sai encerado!”. “- Jura? Que legal!”, respondo. 

Achei atrativo, uma vez que na época a lavagem “molhada” custava R$ 30. À parte, com mais R$ 20 lavava-se o motor também a seco. Fui lá ver como funcionava. Realmente não tinha molhadeira, pano velho pendurado e aquele cimentado tradicional. Tudo funcionava num ambiente coberto e com piso de cerâmica clara. Os panos usados eram panos de algodão alvejado que, por serem comprados no atacado, saíam a bom preço.

  Podiam ser relavados, mas isso era feito em outro ambiente, uma espécie de área de serviço. Água mesmo só no chassis, em caso de lama, e é feito lá fora, na rampa e mesmo assim com menos água, uma vez que um produto próprio para lavagem pesada é pulverizado e já começa derreter o barro. Então uma jateada com lavadora de alta pressão resolve. E deixa novo!

Resolvi experimentar, lavando a seco com motor e tudo e fiquei admirado, principalmente porque já fiquei na mão após lavar motor, pois o distribuidor molhou. Percebi que esse risco não havia! Era tudo com produto químico, pano e compressor de ar comprimido. Um sonho!

E numa época em que a preocupação ecológica começou a aumentar consideravelmente. E com toda razão. Quem já ficou sem água sabe a falta que ela faz! Hoje em dia, fechar a torneira enquanto se ensaboa ou se enxágua os dentes já é natural pra muita gente. Lavar calçada? Pode pegar mal! Lavar carro. Huumm…se não tiver jeito, pode-se tentar utilizar aquele gatilho que só libera água quando é pressionado ou com baldes grandes.

Funciona, porém sem o mesmo resultado, claro. Também existem as ceras líquidas misturáveis com águra para serem aplicadas com pano após retirar-se a sujeira grossa. Depois é só passar uma flanela e pronto!

Pesquisando na Internet, li algo sobre o participante do programa de TV Aprendiz – O Sócio, de 2007, que venceu com a idéia de lançar panos umidecidos com a química especial para lavar a seco. Parece que ainda não está no mercado.

Pesquisando mais um pouco encontrei à venda um produto químico puro em embalagens de 250 ml a R$ 50 + frete para quem quer lavar o carro a seco em casa. Basta misturar uma tampinha do produto em 250 ml de água pura. Em outras palavras uma tampinha para um copo d’água! Que evolução!

Já se pode lavar o carro com um copo d’água!!! E a fórmula contém carnaúba para não riscar. Pode ser aplicada também em vidros, plásticos e borrachas. Vale lembrar que a água é o solvente universal e sua presença explica-se aqui mais como um solvente não químico. A mesma empresa oferece também outro produto para limpeza pesada, para ser usado em chassis, caixa de rodas , pneus e outras partes mais encardidas.

Nem preciso dizer que comprei, usei e aprovei. E qualquer um pode fazer. Basta colocar os produtos mencionados no borrifador e com o pano ir limpando. Até a empregada pode fazer no dia em que não há muito serviço na casa. Afinal, ficou tão simples quanto limpar móveis. E mais fácil que lavar roupa.

E você, leitor, já lavou o carro a seco? Gostou? Conhece produtos para lavagem automotiva a seco? Vai se aventurar e ajudar a salvar o planeta?

 

Por Gerson Brusco Gonzalez